O presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) disse que já foram reestruturados 8.000 créditos habitação e que o banco está a estudar medidas para que mais famílias que entrem em dificuldades consigam pagar os seus empréstimos. Em cima da mesa está, por exemplo, um apoio complementar à bonificação dos juros e fixação da prestação.
Na apresentação de contas do primeiro trimestre (lucros de 285 milhões de euros), Paulo Macedo disse que o banco público já reestruturou 8.000 créditos Habitação (menos de 3% da carteira de crédito) e apenas 900 ao abrigo do decreto-lei criado pelo Governo que força os bancos a reestruturar a dívida de clientes em dificuldades. Segundo Macedo, é muito provável que “mais famílias vão precisar de mais ajuda” este ano, pois as taxas de juro ainda deverão continuar a subir pelo menos até ao verão e há muitos créditos com Euribor a 12 meses cuja prestação ainda não foi revista.
O presidente executivo da CGD disse ainda que o banco está a estudar várias hipóteses para que mais famílias não fiquem aflitas, referindo que mexer em taxas ou spreads obriga a "marcar" clientes pelo que não o vão fazer. Uma das medidas em estudo, disse, é para clientes com dificuldades (mas ainda não em incumprimento) e que beneficiem da medida do Governo de juros bonificado (em que o Estado paga partes dos juros), dizendo que está a ser a possibilidade de um apoio complementar ao juro bonificado.
Já para os clientes em incumprimento, a medida pode passar por manter a prestação que o cliente pagava no primeiro semestre de 2022 (antes da subida significativa das taxas de juro) e manter uma prestação semelhante durante os próximos 18 meses e a diferença (que o cliente não pagar já) ser somada à prestação que o cliente iria pagar nos anos finais do crédito. Questionado pelos jornalistas sobre estas medidas, Paulo Macedo disse por várias vezes que isto são ainda estudos embrionários pelo que não quis dar mais detalhes.
Paulo Macedo afirmou que a maior parte dos clientes que estão com problemas em pagar crédito habitação estão sobretudo naqueles das pessoas que pediram empréstimos há menos anos e que não tiveram tempo de amortizar parte importante do capital (que são sobretudo clientes mais jovens) e clientes da classe média, pois a classe baixa não tem crédito habitação e a classe alta consegue suportar o aumento das prestações dos empréstimos. Na CGD, em média a dívida do crédito habitação em stock é de 69 mil euros.
*Com Lusa